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Além do patriarcado: a infância e a maternidade em Nietzsche

Conclusão

O materialismo de Nietzsche, que começa com a morte da ideia que argumenta a possibilidade de imaginar uma existência totalmente desengajada da mater-ialidade, continua neste tipo de sonho que é Zaratustra, com a reavaliação de um materialismo cheio de sentidos e história, não redutível à mecânica, ou a uma concepção idealista de “matéria”. Freud avançará nesse caminho. A passagem de uma hierarquia patriarcal de valores à lembrança permanente da mater-nalidade a que convida Nietzsche ajudaria a quebrar o rígido ideal de uma vida adulta que, sob a forma de qualquer figura de autoridade, reproduz os seus mecanismos de controle e exercício da dominação.

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Resumo

Principalmente em Assim Falou Zaratustra, Nietzsche focaliza a infância e faz aportes significativos para o desenvolvimento de uma perspectiva que tenha, como objeto de estudo específico, o mundo da infância. Confrontado com a redução da infância (ou de parte dela) à “minoria de idade”, e com as exigências utilitárias ou ascéticas da moralidade convencional, Nietzsche postula o “país dos filhos” e sonha com uma “segunda inocência”. Ela é equivalente à consumação dos ideais estéticos e éticos do super-homem. Suas contribuições para uma reflexão sobre a infância destacam a violência social específica contra as crianças, e estão intrinsecamente ligadas à redefinição do “materialismo” que concebeu contra a exageração religiosa do pudor e a idealização romântica da infância.

Palavras-chave: materialismo, infância, Nietzsche, patriarcado.

Data de recebimento: 27/02/2016

Data de aprovação: 30/04/2016

 

Leandro Drivet leandrodrivet@yahoo.com.ar

Doutor em Ciências Sociais (Universidad de Buenos Aires) e pesquisador do CONICET. Professor na Faculdade de Ciências da Educação da Universidad Nacional de Entre Ríos (Argentina), onde integra o CIFPE e o CISPO. Publicou recentemente “Freud como leitor de Nietzsche” (Civilizar, Ciências Sociais e Humanas, 2015).