Foto: Wiechert Visser

Como os jovens habitam a cidade do México. Diferença e desigualdade

As periferias das cidades são também ocupadas por uma grande parte das classes médias baixas. Lazcano (2005) apresenta uma imagem recente de jovens de poucos recursos em moradias populares ao norte da Cidade do México. Através do convívio, de compartilhar o espaço e os costumes, eles constroem a sua identidade como jovens de bairro. Compartilham uma cultura urbana popular local profundamente condicionada por um entorno de contradições econômicas e sociais que impõem aos indivíduos necessidades, estilos de vida e de consumo inacessíveis, criando neles a imagem e vivência de uma segregação econômica e social. Diante destas frustrações, bairro e jovens constroem as suas próprias estratégias ― atividades informais e ilegais – como recurso para a sobrevivência e muros imaginários e espaciais reforçando a sua segregação social e a fragmentação espacial da cidade. Ser do bairro se converte em um elemento de pertencimento, de proteção e segurança e em estandarte da sua condição social e econômica. Submetidos a uma economia que não permite que tenham acesso a outro tipo de lugares e eventos recreativos, as suas atividades se restringem ao bairro, se enraízam nele através do compartilhamento de festas, noites, futebol, da defesa dos seus membros, alianças via casamentos, laços e redes para procurar emprego ou obter dinheiro. “Ser do bairro” é uma expressão conhecida pelos jovens que constroem a sua identidade, sociabilidade e interação na rua, sob princípios e regras conhecidas e respeitadas pela turma, que significa o seu pertencimento a tradições locais urbanas (Lazcano, 2005b).
Turmas, gangues e jovens de bairro são formas agregadoras de jovens segregados pela nova ordem em autênticos guetos supérfluos na periferia da grande cidade. As suas práticas espaciais e as saídas que estão construindo, ilegalidade em vez de informalidade cotidianas, mostram que, correndo riscos e escolhendo as suas próprias vias, eles se posicionam na cidade contemporânea.
Apresentei algumas formas juvenis contemporâneas – diferentes e desiguais –de habitar, de fazer cidade e de representar o espaço público urbano. Definitivamente, elas indicam que a cidade mundial não tem uma forma única, nem constrói só uma identidade, nem seus significados são gerados somente naquilo que é próximo e imediato ou distante e fluido, entre outras características. As práticas sócio-espaciais juvenis manifestam o envolvimento ativo dos jovens na determinação das suas vidas e das de quem os rodeia, e também na definição desta nova forma urbana e na construção das suas novas funções e significados.

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Palavras-chave: jovens índios, empreendedores culturais, turmas juvenis, cidades mundiais.

Maritza Urteaga Castro Pozo maritzaurteaga@hotmail.com

Professora pesquisadora da Pós-graduação em Antropologia Social da Escola Nacional de Antropologia e História – ENAH, Universidade Nacional Autônoma do México – UNAM. Entre seus livros mais recentes estão: La construcción juvenil de la realidad. Jóvenes mexicanos contemporáneos (2011, Juan Pablos Editores, UAM); Néstor García Canclini e Maritza Urteaga (Coords.) Cultura y desarrollo. Una visión crítica desde los jóvenes (2012, Paidós, UAM); Néstor García Canclini, Francisco Cruces y Maritza Urteaga (Coords.) Jóvenes, culturas urbanas y redes digitales (2012, Ariel, Fundación Telefónica, UNED, UAM)