Os Estados Nacionais latino-americanos foram constituídos a partir de um relacionamento colonial e dominador em relação a sujeitos entendidos como diferentes. Neste sentido, Quijano1 afirma que a raça foi uma invenção europeia e serviu como legitimadora de distinção entre os seres humanos. Os/as brancos/as encarnavam o indivíduo moderno, autônomo e racional; enquanto os/as indígenas e os/as negros/as representavam a barbaridade, a superstição e o atraso. Dita distinção, continua Quijano, justificou uma divisão racial do trabalho no novo continente americano. As/aos negras/os e indígenas ficaram relegados os trabalhos subalternos na estrutura colonial, em um modelo que envolveu escravidão, aculturação, violência e morte. Posteriormente, Lugones2 amplia tais formulações identificando que, para além da raça, um conceito moderno-colonial de gênero também constituiu o projeto explorador europeu, cujas violências e opressões, interseccionadas pela raça, classe, gênero e sexualidades, constituem formas importantes de controle do trabalho e dos corpos, conformando diferentes trajetórias de vida e lugares sociais para os sujeitos, definindo acessos desiguais a direitos e possibilidades distintas de resistência às opressões sociais.
Ainda colhemos os frutos desta história de opressão, uma vez que estatísticas demonstram que as desigualdades em termos de acesso à escolaridade e ao emprego se mantem3. Neste cenário se pode observar que a juventude indígena e negra latino-americana tem se constituído num segmento populacional de grandes vulnerabilidades, tendo em especial, seu direito à educação de qualidade e ao trabalho digno negados, ou construindo formas singulares de inserção e resistência nestes dois contextos. Face a esta problemática, a DESIDADES – revista científica da infância, adolescência e juventude – convida pesquisadores/as e profissionais para a submissão de artigos para a Seção Temática – Juventudes Indígenas e Negras na América Latina: construção de formas de viver a partir dos campos da educação e do trabalho.
Esta Seção objetiva divulgar discussões teóricas e trabalhos de pesquisa que versem sobre as mediações que podem ser construídas entre juventude, educação e trabalho. Serão aceitos trabalhos das mais diversas disciplinas que tangenciam esta questão como História, Antropologia, Economia, Psicologia, Educação, Sociologia, Filosofia, Psicanálise, Direito, Serviço Social dentre outras que compõem o campo das Humanidades.
Os seguintes subtemas compõem a temática mais ampla abordada nesta Convocatória, embora não a esgotem:
i) vivência do sujeito indígena e negro em ambientes educacionais e/ou laborais de cunho formal ou informal;
ii) expectativas laborais da juventude indígena e negra;
iii) transição escola-trabalho para as juventudes indígenas e negras;
iv) contribuição das diferenças de gênero na estruturação dos campos da educação e do trabalho para jovens negras/os e indígenas;
v) construção de resistências estudantis e laborais em um contexto negador de direitos;
vi) iniciativas educacionais e laborais de cunho intercultural, antirracista e/ou descolonial;
vii) contribuição de políticas de ações afirmativas a vivência escolar e laboral de jovens negros e indígenas.
Os/As interessados/as devem submeter os devidos artigos no site da revista DESIDADES https://revistas.ufrj.br/index.php/desidades/. O/a proponente deve estar atento/a para no “Passo 1. Iniciar submissão” preencher o campo Seção com a alternativa “Seção Temática – Juventudes Negras e Indígenas”
Editores:
Prof Dr Felipe Salvador Grisolia, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Profa Dra Jaileila de Araújo Menezes, Universidade Federal de Pernambuco
Profa Dra Lucia Isabel da Conceição Silva, Universidade Federal do Pará
Profa Dra Maria Macarena Ossola, Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas/Universidad Nacional de Salta.
Sobre a revista DESIDADES:
DESIDADES é uma revista científica eletrônica na área de infância e juventude latino-americanas, com periodicidade quadrimestral. Publica textos em português ou espanhol. É uma publicação do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa para a Infância e Adolescência Contemporâneas, NIPIAC, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Está comprometida em divulgar a pesquisa científica para além dos muros da Universidade estabelecendo um diálogo com pesquisadores, profissionais, estudantes e demais interessados na área de infância e juventude.
Processo de submissão
Todos os trabalhos deverão ser submetidos pelo sistema OJS da revista DESIDADES, sob a designação seção temática, e estar inteiramente ajustados ao modelo informado nas diretrizes para autores.
Término da submissão: prazo estendido até 17/07/2022
Publicação: dezembro de 2022
Link das diretrizes para autores: https://desidades.ufrj.br/normas-para-publicacao/
E-mail de contato: submissaodesidades@gmail.com