Resumo
A partir de uma revisão narrativa e integrativa, objetiva-se discutir o uso do termo detecção precoce no campo da saúde mental da primeira infância, sobretudo em relação aos bebês. Problematiza-se a hegemonia do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM) e a ênfase, em especial a partir da última edição, na prevenção de transtornos mentais, a partir da antecipação de riscos. Questiona-se o lugar ambíguo do bebê e da criança pequena: ora no lugar de prevenção de possíveis desvios na fase adulta, sujeita a inúmeros riscos, ora em um lugar de invisibilidade. Propõe-se que uma clínica psicanalítica com bebês, preocupada em evitar tanto a patologização quanto a identificação de bebês em risco, deve destacar o lugar do bebê como um sujeito que demanda, a seu tempo, inscrito em uma determinada história, o que põe em relevo a necessidade de se considerar os determinantes sociais e culturais. Palavras-chave: saúde mental, bebê, psicanálise, detecção precoce, risco.
Resumen
Con base en una revisión narrativa e integradora, el objetivo es discutir el uso del término detección temprana en el campo de la salud mental de la primera infancia, especialmente relacionado a los bebés. Se cuestiona la hegemonía del Manual Diagnóstico y Estadístico de los Trastornos Mentales (DSM) y el énfasis, especialmente desde la última edición, en la prevención de los trastornos mentales, basada en la anticipación de riesgos. Se cuestiona el lugar ambiguo del bebé y del niño pequeño: a veces en el lugar de prevención de posibles desviaciones en la edad adulta, sujeto a numerosos riesgos, a veces en un lugar de invisibilidad. Se propone que una clínica psicoanalítica con bebés, preocupada por evitar tanto la patologización como la identificación de bebés en riesgo, destacándose el lugar del bebé como sujeto que exige, en su tiempo, inscrito en una determinada historia, lo que pone en relieve la necesidad de considerar los determinantes sociales y culturales.
Abstract
Based on a narrative and integrative review, the objective of this article is to discuss the use of the term early detection in the field of early childhood mental health, especially in relation to babies. The hegemony of the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM) on the prevention of mental disorders based on the anticipation of risks, especially since its last edition, is discussed. The ambiguous place of the baby and young child is questioned: sometimes in a place of preventing possible deviations in adulthood, subject to numerous risks, sometimes in a place of invisibility. It is proposed that a psychoanalytic clinic with babies, concerned in avoiding both pathologization and the identification of babies at risk, should highlight the place of the baby as a subject that demands, in its time, inscribed in a certain history, which highlights the need to consider social and cultural determinants.
Data de recebimento: 27/02/2022
Data de aprovação: 09/08/2022
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