Bebês em risco? Considerações sobre o discurso de detecção precoce no campo da saúde mental

DOI® https://doi.org/10.54948/desidades.v0i33.50462
  • Jaqueline Cristina Silva
    Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas, Campinas, Brasil
  • Bárbara Adele de Moraes
    Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas, Campinas, Brasil
  • Kelly Cristina Brandão da Silva
    Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas, Campinas, Brasil

Resumo

A partir de uma revisão narrativa e integrativa, objetiva-se discutir o uso do termo detecção precoce no campo da saúde mental da primeira infância, sobretudo em relação aos bebês. Problematiza-se a hegemonia do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM) e a ênfase, em especial a partir da última edição, na prevenção de transtornos mentais, a partir da antecipação de riscos. Questiona-se o lugar ambíguo do bebê e da criança pequena: ora no lugar de prevenção de possíveis desvios na fase adulta, sujeita a inúmeros riscos, ora em um lugar de invisibilidade. Propõe-se que uma clínica psicanalítica com bebês, preocupada em evitar tanto a patologização quanto a identificação de bebês em risco, deve destacar o lugar do bebê como um sujeito que demanda, a seu tempo, inscrito em uma determinada história, o que põe em relevo a necessidade de se considerar os determinantes sociais e culturais. Palavras-chave: saúde mental, bebê, psicanálise, detecção precoce, risco.

  • saúde mental
  • bebê
  • psicanálise
  • detecção precoce
  • risco

Resumen

Con base en una revisión narrativa e integradora, el objetivo es discutir el uso del término detección temprana en el campo de la salud mental de la primera infancia, especialmente relacionado a los bebés. Se cuestiona la hegemonía del Manual Diagnóstico y Estadístico de los Trastornos Mentales (DSM) y el énfasis, especialmente desde la última edición, en la prevención de los trastornos mentales, basada en la anticipación de riesgos. Se cuestiona el lugar ambiguo del bebé y del niño pequeño: a veces en el lugar de prevención de posibles desviaciones en la edad adulta, sujeto a numerosos riesgos, a veces en un lugar de invisibilidad. Se propone que una clínica psicoanalítica con bebés, preocupada por evitar tanto la patologización como la identificación de bebés en riesgo, destacándose el lugar del bebé como sujeto que exige, en su tiempo, inscrito en una determinada historia, lo que pone en relieve la necesidad de considerar los determinantes sociales y culturales.

  • salud mental
  • bebé
  • psicoanálisis
  • detección precoz
  • riesgo

Abstract

Based on a narrative and integrative review, the objective of this article is to discuss the use of the term early detection in the field of early childhood mental health, especially in relation to babies. The hegemony of the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM) on the prevention of mental disorders based on the anticipation of risks, especially since its last edition, is discussed. The ambiguous place of the baby and young child is questioned: sometimes in a place of preventing possible deviations in adulthood, subject to numerous risks, sometimes in a place of invisibility. It is proposed that a psychoanalytic clinic with babies, concerned in avoiding both pathologization and the identification of babies at risk, should highlight the place of the baby as a subject that demands, in its time, inscribed in a certain history, which highlights the need to consider social and cultural determinants.

  • mental health
  • baby
  • psychoanalysis
  • early detection
  • risk

Data de recebimento: 27/02/2022

Data de aprovação: 09/08/2022

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  • Jaqueline Cristina Silva

    Psicóloga, mestranda em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação da FCM/Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Brasil, com Pós-Graduação Lato Sensu em Psicanálise e Saúde Mental pelo CEFAS e especialização em Teoria e Prática Psicanalítica: Constituição do Sujeito e intervenções pelo Enlace.

  • Bárbara Adele de Moraes

    Psicóloga, Psicanalista, mestranda em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação da FCM/Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Brasil. Membro associada do Núcleo de Estudos em Psicanálise de Sorocaba e Região.

  • Kelly Cristina Brandão da Silva

    Psicanalista, Doutora em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Brasil. Docente da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Brasil. Professora permanente do Programa de Pós-graduação em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação da UNICAMP.