Palavras finais
Em suma, a experiência de VPMP revelou que a dimensão religiosa pode ser um fator importante na participação política juvenil, já que, como se observa no caso das comunidades evangélicas, os sentidos consolidados em torno à condição juvenil permitiram a emergência de todo um discurso que constrói o jovem como “agente da transformação social”, que o interpela a “ser relevante” e a ocupar espaços nas estruturas de poder para, a partir daí, “redimir a sociedade” através da divulgação de valores cristãos. Nesse discurso religioso, o espaço político se configura como um dos âmbitos privilegiados, onde o jovem cristão deve atuar. A colocação em circulação de tais narrativas inscreve no nível subjetivo do fiel jovem, com matizes diversas, a necessidade de formar-se e envolver-se politicamente.
A capitalização desse discurso evangélico dirigido à juventude cristã por parte da direção de VPMP se cristalizou na conformação de uma base militante juvenil ativa e capacitada politicamente, que demonstrou que esta força latente, gerada no interior dos circuitos religiosos, dilui-se se não é mediada por mecanismos efetivos de representação e canalização das demandas. Como mostramos, a principal reivindicação da militância juvenil centrou-se na necessidade de que VPMP funcionasse com linguagem e regras políticas.
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Resumo
A proposta deste trabalho é apresentar algumas reflexões sobre as militâncias juvenis formadas a partir da identidade religiosa. A partir de uma perspectiva etnográfica, irei concentrar-me na participação política de jovens evangélicos no interior do grupo político-religioso “Valores Para Meu País” (VPMP). A fim de atingir este objetivo, dividirei a exposição em duas seções. Na primeira, caracterizarei este espaço político-religioso e na segunda, será enfocada apenas a experiência militante da equipe “juventude” de VPMP.
Palavras-chave: juventudes, religião, política.
Data de recebimento: 24/04/2015
Data de aprovação: 11/08/2015