Foto: Khalid Albaih

Dinâmicas transnacionais em tempos de Internet: jovens, mobilização e apropriação do Facebook na Colômbia e no Brasil

Introdução

As e os jovens na América Latina são atores de um mundo contemporâneo que experimenta diversas mutações sociais, políticas, culturais e midiáticas. Suas ações neste contexto não só falam da singularidade da vida deles e do que acontece na América Latina, mas suas bandeiras e suas práticas nos permitem olhar para o que acontece além dessas fronteiras: o mundo que muda está aqui contido e insinuado e as dinâmicas emergentes que ali aparecem sugerem tanto continuidades como rupturas. A partir do estudo1 do movimento estudantil colombiano e Ocupa Sampa no Brasil, ambos em 2011, sugerimos alguns elementos de análise próprios desses movimentos susceptíveis de instigar a reflexão sobre outros movimentos e reconfigurações contemporâneas2.

Assim, no começo da presente década uma série de movimentos ocorreu em diferentes partes do mundo: a chamada “Primavera Árabe”, desde 2010, os Indignados, os Occupy, o movimento estudantil chileno, em 2011, a “Primavera de Quebec”, o movimento mexicano #YoSoy132, em 2012, as jornadas de junho no Brasil, em 2013 e, mais recentemente, o “Nuit Débout”, na França. Sem procurar igualá-los ou fazer uma lista exaustiva, mas no intuito de evocar alguns dos movimentos desenvolvidos ao longo desta década, uns com mais cobertura da mídia do que outros, podemos perguntar-nos se para além da sua proximidade temporal e, apesar da distância geográfica entre eles, há semelhanças e conexões, por exemplo, em termos de suas reivindicações, modos de ação e organização.

1 Este artigo é derivado da pesquisa realizada pela autora no âmbito do doutorado em ciência política, orientada a analisar a transformação das práticas políticas de jovens mediadas pela Internet e pela rede social digital Facebook, especialmente através dos casos do movimento estudantil colombiano Mane e Ocupa Sampa no Brasil, em 2011. Este texto evoca de forma muito breve alguns dos resultados desta pesquisa.   

2 O trabalho de Feixa; Leccardi e Nilan (2016) faz, a partir do campo dos estudos de juventude, um conjunto de contribuições que centram a atenção na questão do espaço-tempo através da categoria cronotopo. Outro dos trabalhos de Feixa contribui para uma reflexão sobre a categoria juventude através da referência à “#Geração” (Feixa, 2014).

 

Liliana Galindo Ramírez lilianagalindoramirez@gmail.com

Doutoranda em Ciência Política, Universidade de Grenoble; Doutoranda Visitante no Centro de Pesquisa Política de Sciences Po Paris; Pesquisadora do Observatório de Juventude, socióloga e Mestre em Sociologia Cultural na Universidad Nacional de Colombia. Ciudadan@s por la Paz de Colombia (Paris, Bogotá, Rio de Janeiro). Colaboradora do projeto transnacional Generación Indignada – Genind.