Volnei Dassoler: Desde o início tivemos a preocupação de estar atentos aos efeitos que esse trabalho poderia resultar nos profissionais envolvidos com essa operação. Estabelecemos espaços de supervisão individual e coletiva dos casos, supervisão institucional e apoio da gestão municipal, rodas de conversa e reavaliação permanente do processo de trabalho. Hoje, os profissionais que atuam no Acolhe Saúde se percebem um pouco mais de fora com relação ao contexto das primeiras semanas, período em que era muito fácil confundir seu papel com o do cidadão e mesmo com o de sujeito, afetados que estávamos.
Volnei Dassoler: Acredito que o incêndio na boate Kiss carrega essa potencialidade de estimular uma reflexão por parte de toda a sociedade quanto aos elementos que estiveram envolvidos nesse fato. Isso vale tanto para o que diz respeito às responsabilidades do poder público, quanto para uma reflexão sobre a maneira como os cidadãos lidam com as leis que ordenam a vida comunitária quando elas envolvem interesses pessoais.
Volnei Dassoler: Gostaria de registrar que a mobilização sem precedentes que observamos na tragédia de Santa Maria só se efetivou pela reação imediata dos poderes públicos, da população e dos profissionais, atuação que foi fundamental para que o quadro não se tornasse mais grave. Além disso, houve uma produção importante de conhecimento sobre o fazer psicossocial nas situações de tragédia e de urgência, que estão servindo de referência para outras situações similares.
Palavras-chave: boate Kiss, psicologia, adolescência, clínica psicossocial.