Juventude no século XXI: dilemas e perspectivas

Juventude no século XXI: dilemas e perspectivas de Heloisa Dias Bezerra e Sandra Maria Oliveira (orgs.)

Rosana Kátia Nazzari e Thaís Damaris da Rocha Thomazini analisaram a compreensão, o questionamento e a reflexão dos jovens no processo de auto-reconhecimento, enquanto sujeitos capazes de agir politicamente no contexto social em que vivem: especialmente em processos de socialização que objetivam integrar o jovem com a política contribuindo para a formação de sua cidadania, forjando cidadãos capazes de participar de processos de tomada de decisões políticas – relatados a partir do programa “Câmara Jovem” implementado pela prefeitura da cidade de Cascavel. Ao apresentar o histórico e o modelo do referido programa, as autoras embasam uma discussão teórica sobre juventude e participação política, bem como as formas de participação popular frente aos problemas sociais. Afirmam também que o programa é objeto de análise por ser compreendido como o único espaço essencialmente político que tem como objetivo integrar o jovem com a política. A partir das entrevistas as autoras buscaram identificar a concepção dos jovens sobre o programa, sua interação com os demais estudantes e a percepção acerca do papel político que desempenham.
Ana Karina Brenner faz uma reflexão sobre a história da filiação partidária, bem como uma definição teórica sobre a direita e a esquerda no país, demonstrando em que nível se encaixam PT, PC do B, PDT, PSOL e PSTU, partidos a que os jovens são filiados.  A partir da análise de entrevistas a autora consegue traçar o perfil da atuação juvenil nos partidos e sua relação com a militância no movimento estudantil.  Outro aspecto apresentado é a percepção dos jovens no que concerne ao espaço de participação partidária.  Fica perceptível a dificuldade de militância pelo que a autora identifica como tensionamentos intergeracionais que incluem problemas referentes aos discursos e as práticas partidárias de acordo com a percepção dos próprios jovens.
Heloisa Dias Bezerra, Sandra Maria de Oliveira, Milka de Oliveira Rezende, Sandra Regina Alves pesquisaram o problema da percepção de jovens de baixa renda em relação ao mundo da política, e, principalmente, como se reconhecem enquanto sujeitos da política. Abordam o problema da adesão ou apatia aos processos democráticos traçando um mapa da participação dos jovens em processos eleitorais e, complementarmente, apresentam um levantamento de dados e questões sobre políticas públicas para a juventude.
Flávio Munhoz Sofiatti apresenta uma avaliação da ação do Estado no que tange a produção e implementação de políticas públicas para a juventude brasileira. Mapeando as ações políticas intentadas no período de 1995 a 2010, nos governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, faz um diagnóstico critico dos avanços e limites das políticas governamentais buscando acompanhar os motivos do fracasso ou do sucesso de muitas das políticas lançadas no período.
Revalino Antonio de Freitas analisa a condição atual da juventude no Brasil, considerando aspectos relativos ao mundo do trabalho e proteção social.  A legislação brasileira conforma uma ideia de juventude por faixa etária e limitada a idade de 29 anos, com preocupação perene quanto a condição do jovem enquanto sujeito ativo na cadeia produtiva do país. Novas institucionalidades e novos arranjos sociais e vínculos de solidariedade vão surgindo em um terreno marcado ambiguamente por adversidades e solidariedade.
Dijaci David de Oliveira analisa uma série de dados sobre violência contra pessoas jovens no Brasil, mostrando que o aparato repressivo do estado tem incidido negativamente sobre as taxas de homicídio para esta população. Comparando os índices do Brasil, da Região Centro-Oeste e do Estado de Goiás, identifica percentuais alarmantes em relação a Goiás, especialmente em casos envolvendo ações marcadas por violência policial.
Eduardo Sugizaki analisa uma série de textos de autoria de Michel Foucault (livros, artigos, aulas, conferências) para debater aspectos sobre soberania e biopolítica, temas caros à política contemporânea e que dizem respeito ao modo como o Estado se relaciona com a sociedade, no geral, e com o indivíduo, em particular. Direito(s), liberdade(s), vida e morte, Foucault permanece como o grande mestre de um pensamento critico devotado ao entendimento do poder do Estado e de suas múltiplas possibilidades de transformação da política em mecanismo de opressão e ou libertação.
As pesquisas ora apresentadas revelam as tensões da vida cotidiana inerentes às relações sempre em construção entre, por um lado, o Estado compreendido em seus arranjos institucionais e forças,  ou interesses manifestos por meio das forças políticas, e, por outro lado, a sociedade em sua infinitude de interesses individuais e coletivos, não necessariamente congruentes ou complementares.
Referência:
BEZERRA, Heloisa dias. OLIVEIRA, Sandra Maria (orgs.). Juventude no século XXI: dilemas e perspectivas. Goiânia, Canône Editoria, 2013.

Edwiges Conceição Carvalho Corrêa Professora da Faculdade de Direito da PUC-GODoutoranda em sociologia pela PPGS-UFG