Verônica Bem dos Santos

O que será o amanhã? Expectativas de jovens sobre futuro, política e trabalho

                                               

Da realidade à representação: construir uma série para jovens brasileiros

Em agosto de 2013, uma empresa nos encomendou uma pesquisa para o desenvolvimento de uma série1 destinada ao público jovem. O trabalho consistia em desenvolver e conduzir uma metodologia que permitisse traçar um perfil breve, porém consistente, do jovem brasileiro entre 15 e 25 anos. A intenção era que o mapeamento do comportamento2 mais geral desse grupo etário permitisse identificar conflitos que pudessem ser representados de forma realista e interessante. Assim, o relatório consolidado da pesquisa serviria de diretriz para orientar roteiristas para a criação de uma série desenvolvida em torno de conflitos e causas identificadas como pertinentes para o público dessa faixa etária.

A investigação teve dois grandes focos. O primeiro referia-se a um perfil identitário que privilegiava informações de âmbito íntimo concernentes a comportamentos típicos, angústias, medos e ambições. O segundo teve seu foco nas relações dos jovens com séries e perfil de consumo de conteúdos. Este texto tem como objetivo descrever brevemente o processo da investigação – estratégias metodológicas e enfoques de análise – e apresentar algumas conclusões sobre esses jovens no que se refere a suas expectativas e receios em relação ao futuro. Embora a pesquisa tenha compreendido outros temas, sobretudo os referentes a séries e conteúdos, esse texto se debruça sobre os dados e narrativas relativas a trabalho, política e futuro. Essa opção decorre da percepção da centralidade desses temas no discurso dos jovens, representada na forma de mal-estares e controvérsias ligados ao viver o presente e pensar o futuro.

Deste modo, convergindo estatísticas e depoimentos, este artigo pretende apresentar as expectativas e receios que os jovens nutrem em relação ao futuro e o modo como expressam as angústias que geram. Esse trabalho conta também com uma interlocução bibliográfica, que nos auxilia a identificar e compreender as possíveis razões dos desconfortos e, por fim, pensar formas de interpretação desse contexto.

1 – Conteúdo seriado, ficcional ou documental, veiculado na TV ou web.
2 – Trata-se da construção de perfil identitário, que privilegia informações de âmbito íntimo concernentes a comportamentos típicos dos jovens pesquisados.
Carolina Salomão Corrêa krolsalomao@gmail.com

Doutoranda em Psicologia Clínica na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil. Possui graduação em Comunicação Social pela mesma instituição. É Mestre em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2010). É membro-pesquisadora do Grupo Interdisciplinar de Pesquisa da Subjetividade – GIPS.

Solange Jobim e Souza soljobim@puc-rio.br

Doutora. Professora Associada do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica da PUC-Rio, Brasil. Professora Adjunta da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Brasil. Pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo e Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). Coordenadora do Grupo Interdisciplinar de Pesquisa da Subjetividade – GIPS, no Departamento de Psicologia da PUC-Rio, Brasil.