Notas necessárias
Os processos de filiação simbólica e identitária descritos revelam a existência de elementos comuns, que confluem e matizam as dinâmicas no interior destas grupalidades. Um primeiro elemento a se considerar é a origem estrangeira dos seus referentes simbólicos e culturais, o que implica que, na sua contextualização à realidade cubana, não estejam isentos de se diversificarem e se atenuarem a partir dos novos cenários de expressão. Isso mantém relação com os novos significados que podem ser dados a alguns símbolos e atributos destas identidades juvenis, a partir das lógicas concretas que expressem e das necessidades que satisfaçam individual e coletivamente.
Além disso, estes ritmos se desenvolveram no país como subculturas, ou como formas de resposta juvenil que partem de uma alternatividade cultural, o que fez com que tenham encontrado posições de resistência e de não aceitação total por parte da cultura dominante. Em ambos os casos, se construíram também como identidades em resposta a uma condição de marginalização estrutural vivida, conseguiram afiançar os seus processos identitários em torno do conjunto daqueles símbolos, ideias e imagens considerados marginais. Por outro lado, tiveram que assumir uma atitude de resistência cultural diante dos preconceitos negativos, às vezes determinados pela cor da pele e da aparência física (como reações sociais e institucionais), aparecendo entre eles uma identidade individual e coletiva consolidada.
Ser rasta ou ‘rapper’ (expoente do hip hop) hoje em Cuba é resultado de processos sociais e dinâmicas identitárias que podem ser diversas, assim como também são as maneiras de viver e de se reproduzirem culturalmente como tal. Estes, como um eixo consubstancial às suas identidades, se comunicam e interagem constantemente através dos produtos musicais que servem de base para estas construções simbólicas, transformadas em estilos de vida e formas de ser jovens.
Referências Bibliográficas:
Bayona Mojena, Rosilín. Cubaliteraria. Impresiones sobre la cultura rapera capitalina. Disponível em: http://www.cubaliteraria.cu/articulo.php?idarticulo=13917&idseccion=25 Acesso em 24 de janeiro de 2014.
Bayona Mojena, R.. Cubaliteraria. La música como forma de participación y consumo. Disponível em: http://www.cubaliteraria.cu/articulo.php?idarticulo=14255&idseccion=25 Acesso em 24 de janeiro de 2014.
D Perry, Marc (s.f.). La jiribilla. Disponível em: http://www.lajiribilla.cubaweb.cu Acesso em 7 de março de 2014.
Furé Davis, Samuel, La cultura Rastafari en Cuba. Editorial Oriente, 2011.
Martín-Barbero, Jesús. Comunicación e imaginarios de la integración. Revista Inter-medios, N. 2, 1992.
Resumo
Um dos elementos estruturadores do sentido para os jovens, que resulta cada vez mais efetivo para se expressarem e participarem da sociedade, é a música. Com a sua capacidade para transmitir mensagens, estados de ânimos, sentimentos e ideologias, ela se converteu em uma poderosa arma simbólica e de expressão identitária para várias gerações de jovens. Ritmos como o ‘reggae’ e o ‘rap’ emergem como exemplos fidedignos deste uso e constituem eixos articuladores de construções identitárias específicas e maneiras de se viver na sociedade. O presente artigo pretende se aprofundar na marca que estes fenômenos musicais deixam e na sua influência sociocultural sobre as maneiras de viver e de ser em uma realidade como a do contexto cubano atual.
Palavras-chave: Identidades de jovens, consumo de música, ‘reggae’, ‘rap’.
Data de recebimento: 18/8/2014
Data de aceitação: 15/10/2014