Editorial

Em que pesem os avanços da sociedade do conhecimento, do aperfeiçoamento tecnológico e, sobretudo, do aumento bruto da riqueza global, o mundo vive uma crise abissal e ímpar de desigualdades entre os povos e entre os indivíduos. De acordo com os relatórios publicados pela Oxfam e o Observatório das Desigualdades da Fundação João Pinheiro , o 1% dos mais ricos do mundo detém mais riqueza que todos os outros; oito homens detém a mesma riqueza que a metade mais pobre do mundo, apenas para citar dois picos deste iceberg monstruoso de desigualdades no planeta. A riqueza das corporações ultrapassa em muito a das economias nacionais: as cinco maiores empresas do mundo, juntas, têm um valor maior do que o PIB combinado de todas as economias da África, da América Latina e do Caribe. A ganância incontrolada do capital parece também responsável por outras monstruosidades como as guerras e os genocídios que visam a ocupação de territórios e a exploração e a dominação das pessoas. Assistimos em Gaza, e agora no Líbano, a investida genocida do estado de Israel, com o apoio estadunidense e europeu, de dominação total do território palestino e sua apropriação. Riqueza desigual imbrica-se, necessariamente, com a vertigem da pulsão de dominar o outro, sua destituição e aviltamento. Há que se chamar a atenção para a situação das crianças e dos jovens no contexto de tais dinâmicas do capitalismo global: as crianças e os jovens continuam sendo a categoria social mais afetada pelo impacto cruel e de longo prazo das guerras, fome, miséria e desigualdades. Neste sentido, a produção de conhecimento científico no campo da infância e juventude não pode ficar alheia a essa determinação estrutural que continua situando, implacavelmente, as crianças e os jovens como os sujeitos mais destituídos do planeta. Leia mais.

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